terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

O expulsar do Sol.

Veja quão tristonho é o mar
que na ânsia tem a força de brindar.
Por raiva ou descuido ele engole de vez em vez
a imprudência humana sem mais querer saber.
Ao todo ele é sem ninguém...
Sobrando apenas o expulsar do sol.

Sono real

Sou apenas enganador.
Quero compartilhar sem me importar.
Tenho alguns cigarros, me falta o dinheiro.
Bebo sob medicação...
Minha meditação é meu sono
e meu sono é minha realidade.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Calada da escuridão

Na boca o ácido corrói o gosto do ferro da ferida,
Afta velada no invisível, na calada da gaita, calada da escuridão.
Vem o galope da morte no brejo infiel de um esconderijo infernal,
Traiçoeiramente salivado na lembrança,
Protuberância da ânsia,
Na preliminar das imagens que voam.

Como o que escangalha o ar,
Deixa como é no esboço do escroto.
A navalha do podre
A pose do enquadro
Na caminhada do corte nas mãos,
Nas falhas do gole, o sermão

Não há rumo seguindo com essa gente.

Praça Fulano de Tal.

Aqui numa praça qualquer...
pequena cárie do asfalto tóxico,
por onde recicla-se uma mísera porção de ar,
onde pombas deixam de ser ratos por instantes,
onde o alimento dos pássaros é quase natural,
onde calçadas tomam formas variáveis,
onde dormem à sombra os moribundos,
onde a sós conversam os esquizofrênicos,
onde passam aos milhares os atrasos diários,
onde circulam, geralmente em duplas, os porcos,
onde além das margens alimentam-se os ônibus,
onde bebem logo cedo os gazeadores,
onde aviões distribuem maconha estragada,
existe uma escultura de um dorso, completamente pixada,E uma placa que diz: Guia e coleira para o tempo, para controlar o desafeto opcional.